terça-feira, 22 de outubro de 2024

Diabo em pele de cordeiro


  Docilidade amarga,

 Simpatia perversa,

 Atitudes veladas,

Sorriso de navalha.

 É a mistura do doce 

e o amargo em uma só dose.

Inocência perigosa

e invejosa.

Sentimentos velados,

malvados, manipuladores.

Assim é o diabo

em pele de cordeiro, 

como diz o ditado.

Ele é sorrateiro e sutil.

Se veste de tantas gentilezas

e amabalidades.

Mas, sabe usar suas intençõs 

de forma enganadora e hábil.

Em sua grande maioria,

o ser humano é assim.

Se reveste de tantas peles,

nuances e perfomances,

que o original desaparece.


*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Gratidão

 

Hoje ao buscar meu filho no aeroporto, a alegria e a emoção tomaram conta de mim, ao vê-lo chegar no lugar onde nasceu, cresceu e onde, a raiz da sua história se faz presente.

Alegria também, ao ver meu rebento voltar homem, forte e já com muitas bagagens da vida.

Alegria de ver meu menino, com saudades e vontade de ver as coisas, as  pessoas e o jeito de ser da sua terra.

Alegria de ver que, meu menino mesmo tendo ido longe, não perdeu a simplicidade e o olhar terno.

Alegria de ver meu menino, um homem responsável e maduro, com planos para a vida.

Alegria de ver meu menino olhando com carinho para mim, para sua avó e para tudo que faz parte da sua história, da nossa história.

Me dei conta do quanto valeu muito à pena, ter feito tanto para que ele se construísse como ser humano, como pessoa e cidadão.

Me dei conta que foram extraordinárias as lutas incansáveis e até doloridas para ele se formasse e se transformasse em um profissional, que ama o que faz e se responsabiliza pela escolha que um dia fez, para atuar na vida.

Me dei conta, que apesar dos meus medos, angústias e inseguranças desempenhei o meu papel de mãe, embora com falhas (não existe receita), com todas as dores e desafios existentes.

Agora tomei a consciência, de que meu lugar, no percurso que segue é o da plateia assistindo a trajetória do meu menino e, também, me deliciando, com as coisas que a vida vem me proporcionando.

Por isso, termino esse texto com uma palavra que não poderia ser diferente: GRATIDÃO!


Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

terça-feira, 7 de maio de 2024

O que foi que se quebrou?

 

Hoje, quebraram um pirês de porcelana japonesa que foi da minha avó.

Quebraram uma lembrança, uma história, um elo muito importante.

Quebraram uma parte da minha história, simbolizada 

na delicadíssima porcelana japonesa, que eu tanto me orgulhava

e exibia junto às outras peças de família, também cheias de histórias!

Está doendo... Logo hoje, que tantas reflexões ocorrem em minha cabeça!

Terá esse episódio algum significado? Será mais alguma quebra de ciclo? Será minha avó, com sua altivez me atinando para o que ainda não percebo? O que foi de fato, que se quebrou?

Só sei que estou triste, calada e pensativa!

Tinha tanto cuidado, tanto mimo e respeito pela peça e o que ela representava.

De repente, alguém estranho à minha história, à minha vida quebrou tudo isso!

Muito estranho viver e sentir esse despedaçar.

Estou aqui sem saber o que pensar, o que fazer, como agir.

Sempre achei que, se um dia isso acontecesse eu reagiria com ira e revolta.

Só sinto tristeza, vazio de algo que não vou recuperar.

Passou, acabou! Ficou um espaço vazio, oco, sem história.

Fiquei novamente sem a minha avó!


Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.


Recado.

 

Nos conhecemos a tanto tempo!

Época em que éramos apenas dois jovens, com um mundo a construir.

E construímos nossas histórias, embora separadamente.

E a vida. Ah a vida! Girou, girou e muito rápido.

Porém, mesmo com tantos movimentos velozes e contrários,

a própria vida, sempre deu um jeito torto de nos aproximar.

Embora, só paralelamente, como os trilhos que saem 

de qualquer estação, para qualquer estação!

E de uma forma intricada, não sei como,

eu te conheço, embora você se defenda e se esconda!

Vejo o doce, a leveza, os medos e as vulnerabilidades que traz na alma.

Mas, respire um pouco. Só viva! Não se esconda, não se defenda tanto.

Você não vai se quebrar, não vai se tornar pequeno

Só vai dar uma chance a Você!

Esse é o recado que eu quero deixar para você.

Recado de quem conheceu há muito, 

a pessoa doce, amorosa, frágil e triste que é você.


Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.