sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Metamorfose.



Outro dia, assistindo a uma matéria sobre a importância da leitura na vida do ser humano, ouvi um pensamento que me chamou muita atenção pela simplicidade, sensibilidade, sabedoria e profundidade.
O pensamento foi expresso por um menino de dezesseis anos, morador de um bairro muito pobre e com um histórico de vida, marcado pelas constantes subtrações, dores e muitos preconceitos.
Este menino se parece com muitos outros meninos espalhados por nossas ruas, cidades e periferias. É filho da miséria, do sofrimento, do esquecimento e do abandono.
Um dia, este menino foi acolhido por uma ONG e apresentado ao livro. Este episódio, na vida deste menino foi tão significante e revolucionário, que o fez perceber que a liberdade de qualquer condição humana é a liberdade da alma, da consciência, da visão de mundo. 
O conhecimento e a sensibilidade provocados pela leitura são capazes de transformar o nosso olhar sobre nós mesmos e sobre a vida, nos retirando sutilmente do casulo que nos envolve e nos limita, permitindo que a liberdade aconteça pela metamorfose que provoca em nossas ideias e atitudes.
O pensamento livre, provoca em qualquer ser humano a transcendência das limitações, oportunizando o transporte para realidades até então desconhecidas ou consideradas inalcançáveis.
Com esta percepção e sensibilidade, o menino embora com sua pouca idade e muita simplicidade, repete hoje com crianças que têm o mesmo histórico que ele, aquilo que um dia lhe foi oportunizado. Ou seja, oferece o transporte, o voo e a transcendência, através da leitura e do contato com o conhecimento, na esperança de retirar mais larvas dos casulos, para que possam se transformar, criar asas e depois voar. 
E foi essa a resposta que o menino deu a uma repórter, quando esta o indagou sobre a atitude que tem ao propiciar todos os dias, para crianças do seu bairro, o contato com o livro: " -Faço isso porque a leitura faz com que apareçam na gente, asas pequenas que nos transportam para outras leituras. E essas leituras fazem as asas pequenas crescerem e nos levarem para realidades diferentes, aumentando sempre a nossa vontade de voar".




*Autoria de Mª Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Devaneio.



No abandono do meu dia e da minha rotina,
eu me entrego.
No abandono de minha alma e do meu desalento,
eu me sinto.
No abandono dos meus medos e dos meus fantasmas,
eu me afogo.
No abandono das minhas fantasias e devaneios,
a flor se abre e a vida caminha .


*Autoria de Mª Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

As Singularidades da Vida.


A vida tem a vaidade,
Tem a tristeza e a hipocrisia.
Tem os prazeres e os dissabores,
O sonho e a fantasia.

A vida tem a sedução,
Tem a inveja e a paixão.
Tem a cobiça e a ambição.
O encanto e a ilusão.

A vida tem o tempo, tem a esperança.
A surpresa, a paciência e a agonia.
Tem a cautela e muita lembrança.
O desespero e a teimosia.

A vida tem a intolerância,
O desrespeito e a vilania.
Mas, também tem a beleza,
A virtude, a humildade e alegria.

A vida, com a gente brinca.
Faz um grande quebra-cabeça.
Provoca e desafia,
Para que a gente amadureça.

A vida e suas singularidades.
É uma complexa miragem.
Nos arrebata e hipnotiza,
Numa ventania de passagem.




*Autoria de Mª Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Menina Moça.



Nem menina, nem moça, nem mulher.
Apenas uma menina-moça.
Experimentando muitas sensações.
Brincando no carrossel de emoções.

O corpo agora, com forma arredondada.
Mais feminina e delicada.
Sonha e suspira, ao mesmo tempo,
Por uma paixão ou por um encantamento.

É uma menina, quando às vezes, ainda brinca.
Uma moça, quando capricha ao se enfeitar.
Uma mulher na sensibilidade e temperança.
E nas oscilações, que a faz rir ou chorar.

Querida menina-moça!
Que vi nascer, crescer e agora começa a aflorar.
Caminhe pelas fases da vida.
Mas, não perca o encanto, meiguice do olhar.



*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Facetas do Bicho-Homem.



No reino da Natureza.
Existem várias espécies de bichos.
Desde dos mais temíveis e esquisitos.
Até os mais exóticos e bonitos.

De todos, o que me dá mais medo
Não tem garras, presas e nem é veloz.
Mas fala, cria e planeja.
Num jogo constante e atroz.

Estou falando do bicho-homem.
Com suas várias facetas.
Algumas delas são admiráveis.
Porém, outras um tanto falsetas.

As facetas admiráveis são aquelas
Criativas, sensíveis e altruístas.
Estas são capazes de atos brilhantes,
Corajosos, humanitários e exuberantes.

As facetas falsetas são aquelas
Astutas e caprichosas.
Aparentam ser amáveis
Mas, são muito ardilosas.

Há também os tipos espertos.
Os ditos oportunistas
São rápidos e mentirosos
Verdadeiros golpistas.

Há também, os interesseiros.
Que só fazem na vida é "jogar".
Falsificando as ideias.
Com o intuito de prejudicar.

Existem os sem biografias.
Que só fazem bisbilhotar.
Vivem a vida dos outros.
Para a sua justificar.

Também existem os ingênuos.
Indefesos e delicados
Caem em várias armadilhas 
E são facilmente enganados.

A Natureza age contraditoriamente, 
Faz os bichos-homens em fôrmas diferentes.
Alguns saem frágeis, puros e inocentes.
Outros saem fortes, espertos e resistentes.


 
*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O assopro de um dia.


Amanheço.

Estico o corpo e sinto preguiça.
Olho para o teto, paredes e janela. 
Lentamente espreguiço e me levanto.
Começo a resolver o dia por tabela.

Movimento.
 
Movimento o corpo e a mente
Penso muito, reflito!
Levanto dúvidas, crio imprecisões.
Faço hipóteses e tomo decisões. 

O dia caminha. 

Vejo cenas simples e corriqueiras.
Cenas próprias de um dia quente.
Assisto algumas crianças brincando. 
Ouço cantos de alguém contente.

Olho.

Olho constantemente para o céu. 
Acompanho nuvens em movimento.
Tudo acontece calmamente
E concluo um pensamento.

Cai a noite.

Finalmente escurece.
Um morcego sai da toca e voa. 
A lua aparece e brilha
E outra vida ecoa.

Prossegue

Tudo continua, transita e passa. 
Voa para o assopro de um novo dia. 
De uma nova ordem,
De uma nova sintonia.



*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Escrever.



Escrever é libertar a alma. 
É expandir o que está no coração. 
É dizer o que nos acontece. 
Longe do domínio da razão.

É deixar que se relevem os pensamentos. 
É compartilhar as sensações. 
É permitir que a essência se manifeste,
Sem cobranças, juízos e intervenções.



*Autoria de Mª Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lua Crescente



Lua linda! 

Lua bela!
Lua brilhante, 
Cativante.
Verdadeira Cinderela!

Lua amorosa!

Aproxime os amores.
Promova os encontros.
Amenize as saudades
Embale os sonhadores.

Lua brilhante!

Faça com seu brilho, poesia! 
Acalente os apaixonados
Encante e embriague
Os namorados.

Lua sorridente!

Lua crescente
Sorria sempre.
Brinque com a fantasia.
Irradiando sua alegria

Lua emocionante!

Emocione os amantes.
Faz a festa. Contagie!
És fascinante, 
Apaixonante!

Lua provocante!

Também provoque sutilmente,
No coração dos humanos,
Novos batimentos
Para um convívio diferente.

Lua encantada!

Lua crescente. És tão bela!
Encantas como a Cinderela.
Desfila para nós, na passarela.
Graciosa, elegante e singela.

Lua linda. Lua pérola!


*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Você Estrangeiro.



Ei! Você estrangeiro!
Você que me olha, me acena e sorri.
Você que me fala, me dirige a palavra. 
Me anima e me embala, para junto de ti.

Você é o meu outro. 
É o estranho ou o reflexo, 
De tudo o que eu sou, 
De bom ou ruim.

Às vezes, te amo. 
E, às vezes te odeio. 
Te expulso ou te chamo 
Para perto de mim.

Você é meu contraste, 
Meu oposto e estrangeiro. 
Meu engano e meu erro.
 Meu começo e meu fim.

Você é meu lado excêntrico.
O que sempre transcende, 
O que há de consciente
E emoção em mim.


*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Erupção




Algo acontece em minha mente
Não sei o que é.
Não sei o que sinto
É estranho, diferente!

Um certo desassossego. 
Uma certa inquietação.
Deslocamento,
Agitação!

Paciência mínima. 
Sensibilidade aguçada.
Não quero ser questionada. 
Quero ser respeitada.

Preciso de pausa. 
Preciso de tempo.
Preciso de espaço.
Preciso de meu momento.

Não quero barulho
Só o silêncio,
Já está muito agitado.
Dentro do peito.

São lavas de um vulcão
Prestes a sair. 
É o meu eu, 
Em erupção!


*Autoria de Maria Auxiliadora Negreiros de Figueiredo Nery.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Poema para Dora


Força
Fragilidade
Coerência
Sensibilidade

Menina-mulher
Sonhadora tenaz
Mãe leoa
Realizadora contumaz.

Amiga
Irmã
Elo sólido
Em meio a certeza vã.


* Poema de Autoria de Lúcia Vianna.
** Fotografia de Rodrigo Figueiredo Nery.